Saturday, February 10, 2007

pressão baixa

com o sol desabando pelassaias das nuvens
a rua fervilha em estampidos.
marlboro vermelho me grudando no chão

bem que isto não é nadasinto o mal que vem como que passasse
pois não tenho credo ou posto só a própria dúvida do gosto
de construir fronteiras n'alma e erguir muros sobremaneira!

que por centimetro figura o instante de um lugar
eu que sou meu sononão sou meu dono
desconheço por completo minha própria anatomia

do centro o que conheço
me leva até o tropeço
uma piada já antevista

é coisa demais de absurda essa sensação de solidão de começo
a multidão engrossa
quem sou eu? que desconheço o que sinto que sou
fico a roer minha sombra comtemplando a silhueta do ser

eventualmente vou acabar perdendo
bem sei que falha em mim o que sou
mas não me rendo enquanto há tempo
quero saber por onde vou

Wednesday, January 24, 2007

vivocê

você me passa
a fim de ver
quem te espera

(que pernas!)
não sou muito de elogio
para evitar a desgraça
passo rápido com um rio

ah mas pernas tão belas
não podem passear no vazio
carecem de olhares constantes
(e adjetivos latentes!)

você pára
(escutou o que eu disse??)
a fim de saber
de onde viera

tu me olhas
e acha graça
de estarmos lendo
o mesmo livro.

você pára
a fim de ser
naquele instante

eu paro
me esqueço
sou rio

Monday, January 22, 2007

conjuction

i just wanted to have fun
but you had to build your wall

and i'll resume
all my troubles
while walking
through this land

when good
or wicked
the will

jumping around
saying it out loud
or keeping it hidden

i really don't care
on what it would be
if in one of these days
we'd meet the end of it

Wednesday, January 10, 2007

função do acaso

topei de cara com a angústia
numa rua íngreme demais
meu tempo era díficil
quase não entrava em cartaz

tentava explicações a ninguém
sobre o que ainda não compreendi
arava formas étereas, languidas
materializadas em mim

entre pensares indevidos
encontrei prisão mais prisão
contemplando gestos interiores
prazeres, tédios, dores!

porém ja é bem vindo o risco
não dá pra fugir da escolha
o tique-taque solta risos
não deixando que eu me mova

olho tudo com espanto
com tanta pressa assim
aonde é que vou parar?

parece que sou um tanto
ingênuo, a resposta que eu quis
já não faz meu mundo girar...

Friday, January 05, 2007

Ode à Lennon

You say you want a revolution
Well, you know
We all want to change the world
You tell me that it's evolution
Well, you know
We all want to change the world
But when you talk about destruction
Don't you know that you can count me out?

Don't you know it's gonna be
Alright?
Alright?
Alright?

You say you've got a real solution
Well, you know
We'd all love to see the plan
You ask me for a contribution
Well, you know
We are doing what we can
But if you want money for people with minds that hate
All I can tell is, brother, you'll have to wait

Don't you know it's gonna be
Alright?
Alright?
Alright?

You say you'll change the constitution
Well, you know
We all want to change your head
You tell me it's the institution
Well, you know
You'd better free your mind instead
But if you go carrying pictures of Chairman Mao
You ain't gonna make it with anyone anyhow

Don't you know it's gonna be
Alright?
Alright?
Alright?
Alright?
Alright?
Alright?

-John Lennon-Revolution-

Wednesday, December 20, 2006

neural riddle

i tell you once
and then no more
i got you locked
behind my door

a door with neither
wood, key or lid
yet inside is
where you hid

you may take your time
but if too much
i just may
run out of luck

well since i got
nothing to loose
you just can't be
a sitting duck

so many things
that are wished to know
and no other way
for us to do so

don't try to break it
usuless to pick the lock
takes more than some
time to open this door

maybe that thing
that is so suspicious
may turn out to be
the only exit

our time is so shy
and why is it so hard
to accept the facts
that no words can describe?

Sunday, December 10, 2006

lunático

mas veja como é arisco
o objeto de idolatria
luz branca
que abre a noite
nos convida à boemia

quando acanhada
corre pra trás do sol ou
cobre-se toda de névoa
não exerga-se um nada de luz
nem mesmo em praia deserta

com seu formato que se altera
ora servindo esperança
ora quebrando promessas
diverte cores por toda atmosfera

sem as nuvens e seus rigores
a noite concebe brandura
em beijos de porcelana
dela lua toda nua

se por outra troca os lábios
joga a culpa na neblina
e uma tempestade de raios
logo se inicia

então chove, antevivendo
o não-ser que pinga e só se ouve
não há desculpa mais nobre
para que a poesia não ouse

múltipla, íntegra
de comparsa dialética
ora negra ora branca
é síntese, fantasia

que despe e veste
sentidos inequívocos
feitos como da própria poesia
estes somente distorcidos
se por uma poça
algum traste a fita

sem esforço ou qualquer custo
sugere idéia de um bom sonho
em silenciosa melodia

se não encontrado em algum busto
é sono posto na conta
do inevitável novo dia

protagonista relutante
jaz escrava do ponteiro
tem a marca consoante
de esconder-se o dia inteiro

mas quando noite
salienta-se pelo céu
como diálogos de carlitos
em seus filmes, mudo
onde entrelinha é
apenas o fundo escuro
e justapõe qualquer outro brilho

cigana, supersticiosa
se faz de gato para alice
na mutabilidade do mistério
com vestígios de dama
que o charme encanta
mesmo sem ter dia certo