Tuesday, February 21, 2006

Ilusão



De teu corpo esguio
que nunca vi dançar
só conheci sua música
bem alta, em noites de luar

misturei-me na fina linha
entre querer e precisar
sinais do descompasso
que viria tomar lugar

talvez fosse errado
porém não hesitei
fiz pouco caso dessa coisa
em que tão poucos crêem

mas que idéia
achar que convém
tentar correr o mundo
pelas veias de alguém

eu que
tanto fiz
no final
tanto fez

Monday, February 20, 2006



Sem medo

Se a linha reta é a mais curta
entre dois pontos fatais e inevitáveis
as divagações a prolongarão

e se essas divagações se tornam tão complexas
tão emaranhadas e tortuosas
tão rápidas que não deixam rastro

talvez a morte não nos teste mais
talvez o tempo se perca
e possamos ficar ocultos
em esconderijos mutáveis.

Saturday, February 18, 2006


estranho
sonho
estranho





inquietude

Eco particular
de tudo, do não dito
e com um bocado de sono
ainda fico dividido

Impulsos libertinos
para o bem do consumidor
esplêndidos vícios
podem apagar a dor

Raiz da realidade
o imóvel tempo
silencia o quase
barulho da madrugada

O instante me clama
em um sutil movimento
levo o fardo que lamento
do que existe e do que invento

entre tantos incertos
duvido que o inferno
invente mais dores
do que os terrenos decretos

Tuesday, February 14, 2006

rotina, saudade e loucura.




Pedra vazia, vento parado

olhos em porta
um tanto entediante
sons de todos os lugares
numa cabeça distante
o quarto em chamas
em realidade inventada
há algo que clama
na folia solitária
não há cura
pra essa ânsia de companhia
entretido no sono
o tempo vem, o vento leva
deixando as unhas curtas


zelo

Tem alguns dias que penso
da vulgaridade em que vivo
de só olhar para fora
por dentro do umbigo

mesmo na sóbria realidade
ou quando tudo embassa
constato certa conivência
em desumanos quartos de empregada

Em minha própria casa
perpetua-se o movimento
que está dentro da rotina
nunca pede consentimento

Fico com a impressão
meio inventada
que tudo aquilo, tanto
eu aqui, quase nada